Filhos de Maria nos altares
22/12/2016
Foi entre 1936 e 1937 que se instalou, na Espanha, a batalha da guerra civil. O confronto resultou em uma grande perseguição religiosa contra a Igreja Católica e seus diferentes movimentos, além de inúmeras marcas negativas na história do país. Desde antes do início do combate, o governo proibiu o ensino religioso nas escolas, ordenou o fechamento de locais onde se reuniam grupos católicos, expulsou ordens religiosas e cristãos foram assassinados em função do exercício de sua fé.
Inúmeros membros da Congregação da Missão, Filhas da Caridade, sacerdotes e também membros dos “Filhos e Filhas de Maria” – associação que hoje é conhecida como Juventude Mariana Vicentina (JMV) estavam entre as vítimas da perseguição. Sete membros dos “Filhos e Filhas de Maria” perderam sua vida por professar a fé e a devoção à Santíssima Virgem.
Seis jovens pertenciam ao grupo que se reunia na Casa da Misericórdia, na cidade de Cartagena. O sétimo jovem, apesar de ser de Valencia, pertencia ao grupo da Basílica da Medalha Milagrosa, em Madrid, e seu martírio está inseparavelmente à sua devoção mariana. Ele se negou a blasfemar uma imagem da Virgem Maria. Líderes da JMV na época, eles foram expressamente perseguidos e condenados à morte por serem Filhos de Maria, segundo consta os documentos históricos.
Naquela época, os jovens que se interessavam em fazer parte da Associação dos Filhos e Filhas de Maria deveriam dar um forte testemunho de vida cristã. Eles realizavam atividades com foco na vivência eucarística, serviços sociais de ajuda aos mais necessitados e atividades esportivas, tendo presente, ante tudo, o amor a Deus expressado na devoção mariana da Associação ao serviço de Jesus.
Os trabalhos para confirmação dos martírios foram iniciados em 1960, que posteriormente foram paralisados e retomados em 2003. No último dia 2 de dezembro, através de um decreto da Congregação para a Causa dos Santos, o Papa Francisco confirmou o martírio destes sete membros da JMV Espanha, além de outros nove membros da Família Vicentina e cinco sacerdotes. Assim, deu início ao processo que os levará aos altares, assegurando desta maneira que seu martírio não será apagado da memória histórica das pessoas que sobreviveram àquela época e estará na memória das gerações futuras.
Como o Papa confirmou o martírio, é oficial que a Família Vicentina terá novos beatos e a Associação se aproxima dos altares. No caso de martírio, não é necessário a comprovação de um milagre para a beatificação. O seguinte passo será a promulgação de um decreto da Santa Sé que indique uma data e um lugar para a celebração da beatificação oficial dos vicentinos, que se espera que seja até julho de 2017. Depois da beatificação, é necessário um milagre comprovado pelo Vaticano para que eles sejam canonizados e possam ser chamados santos.
Os próximos beatos da Família Vicentina, que fizeram parte dos Filhos e Filhas de Maria (hoje JMV), são:
Enrique Pedro Gonzálbez Andreu
Francisco García Balanza
Francisco Roselló Hernández
Isidro Juan Martínez
José Ardil Lázaro
Modesto Allepuz Vera
Rafael Lluch Garín
Rezemos por eles, por suas famílias e pelos sobreviventes daqueles momentos tensos da história espanhola. Peçamos a Deus, nosso Pai, por intercessão de nossa Mãe, que a vida destes jovens nos iluminem cada passo de nosso caminho.
Nos próximos dias estaremos compartilhando alguns dados biográficos de cada um deles.
Por André Peixoto (Voluntário dos países lusófonos)
